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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sobre a saudação angélica

Por que o Arcanjo Gabriel saudou a Virgem Maria com um "Ave"?


 Vejamos nesse sermão de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico:


A SAUDAÇÃO ANGÉLICA

PRÓLOGO


1. — A saudação angélica é dividida em três partes: A primeira,

 composta pelo Anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo,
 bendita és tu entre as mulheres. [Lc I, 28].

A segunda é obra de Isabel, mãe de João Batista, que disse: 

Bendito é o fruto do teu ventre.


A terceira parte, a Igreja acrescentou: Maria

O Anjo não disse: Ave Maria e sim, Ave, Cheia de graça. 
Mas este nome de Maria, efetivamente, se harmoniza com as palavras 
do Anjo, como veremos mais adiante.





AVE


2. — Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos homens era um 

acontecimento de grande importância e os homens sentiam-se extremamente honrados 

em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.


A Sagrada Escritura louva Abraão por ter dado hospitalidade aos Anjos e por tê-los reverenciado.

Mas um Anjo se inclinar diante de uma criatura humana, nunca se tinha ouvido dizer antes 


que o Anjo tivesse saudado à Santíssima Virgem, reverenciando-a e dizendo: Ave.



3. — Se na antiguidade o homem reverenciava o Anjo e o Anjo não reverenciava o homem, 


é porque o Anjo é maior que o homem e o é por três diferentes razões:


Primeiramente, o Anjo é superior ao homem por sua natureza espiritual.

Está escrito: Dos seres espirituais Deus fez seus Anjos. [Sl. CIII].


4. — O homem tem uma natureza corruptível e por isso Abraão dizia a Deus: 


[Gn XVIII, 27] Falarei a meu Senhor, eu que sou cinza e pó.


Não convém que a criatura espiritual e incorruptível renda homenagem à criatura corruptível.

Em segundo lugar, o Anjo ultrapassa o homem por sua familiaridade com Deus.

Com efeito, o Anjo pertence à família de Deus, mantendo-se a seus pés.

 Milhares de milhares de Anjos o serviam, e dez milhares de centenas de milhares

 mantinham-se em sua presença, está escrito em Daniel [VII, 10].


Mas o homem é quase estranho a Deus, como um exilado longe de sua face pelo pecado,


 como diz o Salmista: [LIV, 8] Fugindo, afastei-me de Deus.


Convém, pois, ao homem honrar o Anjo por causa de sua proximidade com a majestade divina 
e de sua intimidade com ela.

Em terceiro lugar, o Anjo foi elevado acima do homem, pela plenitude do esplendor da graça 
divina que possui. Os Anjos participam da própria luz divina em mais perfeita plenitude. Pode-se 
enumerar os soldados de Deus, diz Jó [XXV, 3] e haverá algum sobre quem não se levante a sua luz?
 Por isso os Anjos aparecem sempre luminosos. Mas os homens participam também desta luz, porém
 com parcimônia e como num claro-escuro.

Por conseguinte, não convinha ao Anjo inclinar-se diante do homem, até, o dia em que apareceu 
a uma criatura humana que sobrepujava os Anjos por sua plenitude de graças [cf n° 5 a 10], 
por sua familiaridade com Deus [cf. n° 10] e por sua dignidade.

Esta criatura humana foi a bem-aventurada Virgem Maria. Para reconhecer esta superioridade,
 o Anjo lhe testemunhou sua veneração por esta palavra: Ave.

Santo Tomás de Aquino, "Sermões sobre o Pai-Nosso e a Saudação Angélica", Permanência, 2003.

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